segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Amizade sem trato - Martha Medeiros

Dei pra me emocionar cada vez que falo dos amigos. Deve ser a idade, dizem que a gente fica mais sentimental. Mas é fato: quando penso no que tenho de mais valioso, os amigos aparecem em pé de igualdade com o resto da família. E quando ouço pessoas dizendo que amigo, mas amigo meeeesmo, a gente só tem dois ou três, empino o peito e fico até meio besta de tanto orgulho: eu tenho muito mais do que dois ou três. São uma cambada. Não é privilégio meu, qualquer pessoa poderia ter tantos assim, mas quem se dedica?
Fulano é meu amigo, Sicrana é minha amiga. É nada. São conhecidos. Gente que cumprimentamos na rua, falamos rapidamente numa festa, de repente sabemos até de uma fofoca pesada sobre eles, mas amigos? Nem perto. Alguns até chegaram a ser, mas não são mais por absoluta falta de cuidado de ambas as partes.
Amizade não é só empatia, é cultivo. Exige tempo, disposição. E o mais importante: o carinho não precisa - nem deve - vir acompanhado de um motivo.
As pessoas se falam basicamente nos aniversários, no Natal ou para pedir um favor - tem que haver alguma razão prática ou festiva para fazer contato. Pois para saber a diferença entre um amigo ocasional e um amigo de verdade, basta tirar a razão de cena. Você não precisa de uma razão, basta sentir a falta da pessoa. E, estando juntos, tratarem-se bem.
Difícil exemplificar o que é tratar bem. Se são amigos mesmo, não precisam nem falar, podem caminhar lado a lado em silêncio. Não é preciso troca de elogios constantes, podem até pegar no pé um do outro, delicadamente. Não é preciso manifestações constantes de carinho, podem dizer verdades duras, às vezes elas são necessárias. Mas há sempre algo sublime no ar entre dois amigos de verdade. Talvez respeito seja a palavra. Afeto, certamente. Cumplicidade? Mais do que cumplicidade. Sintonia?
Acho que é amor.
Oh, céus! Santa pieguice, Batman! Amor? Esta lengalenga de novo?
Sério, só mesmo amando um amigo para permitir que ele se atire no seu sofá e chore todas as dores dele sem que você se incomode nem um pingo com isso. Só mesmo amando para você confiar a ele o seu próprio inferno. E para não invejarem as vitórias um do outro. Por amor, você empresta suas coisas, dá o seu tempo, é honesto nas suas respostas, cuida para não ofender, abraça causas que não são suas, entra numas roubadas, compreende alguns sumiços - mas liga quando o sumiço é exagerado. Tudo isso é amizade com trato. Se amigos assim entraram na sua vida, não deixe que sumam.
Porém, a maioria das pessoas não só deixa como contribui para que os amigos evaporem. Ignora os mecanismos de manutenção. Acha que amizade é algo que vem pronto e que é da sua natureza ser constante, sem precisar que a gente dê uma mãozinha. E aí um dia abrimos a mãozinha e não conseguimos contar nos dedos nem dois amigos pra valer. E ainda argumentamos que a solidão é um sintoma destes dias de hoje, tão emergenciais, tão individualistas. Nada disso. A solidão é apenas um sintoma do nosso descaso.
A maioria das pessoas não só deixa como contribui para que os amigos evaporem. Ignora os mecanismos de manutenção.
 

[Post em homenagem a Taian... 2 anos, não são dois dias. Eu amo você!]

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

na realidade crer.



"Vai passar, tu sabes que vai passar. Talvez não amanhã, mas dentro de uma semana, um mês ou dois, quem sabe? O verão está aí, haverá sol quase todos os dias, e sempre resta essa coisa chamada 'impulso vital'. Pois esse impulso às vezes cruel, porque não permite que nenhuma dor insista por muito tempo, te empurrará quem sabe para o sol, para o mar, para uma nova estrada qualquer e, de repente, no meio de uma frase ou de um movimento te surpreenderás pensando algo assim como "estou contente outra vez". Ou simplesmente "continuo", porque já não temos mais idade para, dramaticamente, usarmos palavras grandiloqüentes como "sempre" ou "nunca". Ninguém sabe como, mas aos poucos fomos aprendendo sobre a continuidade da vida, das pessoas e das coisas. Já não tentamos o suicidio nem cometemos gestos tresloucados. Alguns, sim - nós, não. Contidamente, continuamos. E substituimos expressões fatais como "não resistirei" por outras mais mansas, como "sei que vai passar". Esse o nosso jeito de continuar, o mais eficiente e também o mais cômodo, porque não implica em decisões, apenas em paciência."


                                       Caio Fernando Abreu

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Sermos um pouco mais de nós.

Hoje resolvi escrever.
Certa vez, um belo escritor me falou algo do qual eu jamais esqueci: "Meus melhores textos, escrevo quando sofro."
Resolvi parar e pensar sobre isso... Não sei se sou como ele, mas resolvi o fazer, porque sofrimento é algo que não me faltou nos útimos dias.
E em meio a grandes mudanças, a gente aprende a dar valor a coisas minimas, a sentir falta de outras minimas e compreende.. que a gente só vê isso, quando perde.
Lendo blogs, e-mails, depoimentos e conversas ao vento...
O que mais senti falta nos últimos dias, foi das pessoas.
Eu vi, li e ouvi coisas que em nada me fez sentido.
Literalmente, o barco procura o porto.. não o achou e está ancorado. A dúvida é sobre quando ele irá afundar.
O bom, é você olhar a sua volta, ver gente que segura a sua mão, te protege e cuida... Quando menos você esperava.

Dê valor as coisas que você tem.
Dê valor, aos amigos que estão com você.
Saiba andar, saiba voar.
Não mantenha costumes, não deixe que as pessoas se percam de você.
E quanto a falta de amor, isso é culpa plena e única dos seus atos.
Se você não possui "amor próprio".. como cobrar que sintam isso por você?
Amor começa no espelho.
Todo amor é livre.
Você é livre.
Deixo aqui meus pensamentos, minha subjetividade e a paz que eu não tenho.